sábado, 28 de fevereiro de 2009

e dá pra aguentar?

(by the way, aguentar agora é com ou sem trema?)



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Então você diz pro seu corpo o seguinte: vamos para praia? E ele vai. E você pega sol, e seu braço descasca. E você sai para correr. E você come coisas fora da rotina, e você bebe MUITO mais do que costuma. E você não dorme direito. E você se estressa, e você fica nervosa. E você fica feliz, e você fica triste. E você dirige mais do que costuma. Dai você diz pro mesmo corpo: chega, voltemos pra casa. E volta (dirigindo, mais uma vez). E ele volta. E dai você diz: agora, trabalhe. Dê aula, faça traduções, arrume a casa, regue as plantes, lave a roupa. E ele faz. E você diz mais: já que você não se exercitou o suficiente durante o feriado, você tem que se exercitar o dobro agora. Vai caminhar, vai puxar (muito) peso, vai andar de bicicleta, vai correr, vai fazer 570 abdominais num dia. E ele faz.
Como se não fosse o suficiente, você diz "Que tal um pouquinho de sofrimento emocional?". E você ouve bobagem, você pensa besteira, e você abre as comportas de uma cachoeira dos seus olhos e chora, chora, chora.
Dai você decide que é hora de sacudir a poeira e seguir em frente. Aplica um corretivo, uma maquiagem, coloca uma roupa legal, um salto alto e combina um milhão de programas pra mesma noite. Encontra uma amiga querida para um café, come pizza com um casal fofo, vai pra balada com outra amiga mais que querida. E dança, e te diverte, e conversa com pessoas legais. E acontecem coisas surpreendentes, que fazem teu coração parar, tua espinha gelar, tua mão tremer, teu cérebro congelar. Mas você segue.
E você vai pra cama as 05.30 da manhã. E tem dificuldade de dormir. E acorda as 08.00, levanta, vai ao banheiro, dá comida pra gata, limpa a gaiola do papagaio, dá remédio e ração pros cachorros, e volta pra cama. E dorme mais umas três horas, com a gata ao seu lado. E desiste de tentar esquecer, de tentar descansar, e levanta. E toma um litro de chimarrão, e vai almoçar, e come comida pesada demais.

E dai você senta na frente do computador e constata: você não é mais nenhuma menininha. Você tem 27 anos. Vai fazer 28 (mais dois e são 30, uma balzaquiana). E tá na hora de resolver tua vida, de deixar pra trás mágoas, de começar a se levar mais a sério, de valorizar os amigos que te surpreendem com fofuras, e, principalmente, respeitar os limites físicos que esse teu corpo te impõe.


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(e agora, o que fazer?)

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