quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

da carência

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Faço pose de independente, de moderna, de individualista.
Mas qualquer pessoa que me conheça minimamente, sabe que a verdade é que sou carente.
A verdade é que gosto de me sentir querida, de me sentir amada. Gosto que me digam coisas bonitas. Gosto que apreciem a minha companhia. Gosto de mensagens fofas e inesperadas no meu celular. Gosto de emails de amigos distantes. Gosto de gente que lê o que eu escrevo. Gosto de sorrisos sinceros. Gosto de abraço, gosto de beijo, gosto de cafuné. Gosto de 'eu te adoro' e 'eu te amo'. Gosto de cabeça deitada no colo. Gosto de gente que se gosta reunida, sem fazer nada. Gosto de risadas compartilhadas. Gosto de braços se tocando. Gosto de mãos dadas. Gosto de palavras doces. Gosto de preocupações bobas. Gosto de 'por favor' e 'muito obrigada'. Gosto de surpresas. Gosto de presentes, gosto de lembranças. Gosto de convites. Gosto de companhia. Gosto de braços ao meu redor.

Mais do que gosto, preciso.


Preciso saber se você gosta de mim.



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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

pensamentos praianos soltos

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A rotina da falta de rotina é a mais difícil de se acostumar.


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Viajar sempre para o mesmo lugar nas férias é o mesmo que não ter o que fazer, só ter obrigação de aproveitar.


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E como faz para desligar? Para desconectar? Esquecer que o mundo existe? Desligar o celular, não ligar o computador? Não abrir o jornal de manhã?



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É mais difícil do que parece.


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Eu acho que sei o que ele pensa, mas não tenho certeza.
Digo que não quero saber, mas a dúvida me corrói.
Tento me consolar dizendo que não sei o que quero, mas também sei que nunca saberei.
Digo que quero deixar tudo acontecer, mas temo que deixar acontecer é deixar acabar.



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E depois que tudo se torna chato e repetitivo, o que se faz?



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domingo, 27 de dezembro de 2009

dos sentimentos, das perguntas e das decisões

"Mas digo para mim mesmo: se ela sabia o que eu sentia, como é que não tinha opinião formada, como é que pode vacilar quanto à atitude de assumir? Podem ser várias as explicações: por exemplo, que, na realidade, projete pronunciar o terrível "basta", mas tenha considerado demasiado cruel me dizer isso assim, à queima roupa. Outra explicação: que ela tenha descoberto (descobrir, nesse caso, significa intuir) o que eu sentia, o que sinto, mas, apesar disso, não tenha acreditado que eu chegasse a expressá-lo em palavras, em uma proposição concreta. Daí a vacilação. Mas ela veio tomar café "por isso". O que quer dizer? Que desejava que eu fizesse a pergunta e, portanto, estabelecesse a dúvida? Quando alguém deseja que lhe façam uma pergunta desse tipo, em geral é para responder com um sim. Mas também pode ter desejado que eu formulasse, por fim, a pergunta para não seguir esperando, tensa e incômoda, e estar em condições, de uma vez por todas, de dizer que não e recuperar o equilíbrio. Além disso, há o namorado, o ex-namorado. Como ficou essa questão? Não digo quanto aos fatos (os fatos, evidentemente, indicam o fim da relação), mas sim no íntimo dela. Serei eu, afinal, o impulso que faltava, o empurrãozinho que sua dúvida esperava para voltar para ele? Além disso, existe a diferença de idade, minha condição de viúvo, meus três filhos, etc. E me decidir sobre que tipo de relação gostaria verdadeiramente de manter com ela. Isso é mais complicado do que parece."



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muito complicado, realmente.



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Benedetti, de novo



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"(...) Mas é que não posso ser um desses tipos que andam sempre de peito aberto. Para mim é difícil ser carinhoso, inclusive na vida amorosa. Sempre dou menos do que tenho. Meu modo de amar é esse, meio reticente, reservando o máximo somente para as grandes ocasiões. Talvez haja uma razão para isso na minha mania por matizes, por graduações. De modo que, se sempre estivesse me expressando no limite, o que deixaria para esses momentos (há uns quatro ou cinco em toda uma vida para cada indivíduo) em que alguém deve dar tudo de si? Também sinto um leve receio de ser piegas, e para mim pieguice é justamente isto: andar sempre com os sentimentos à flor da pele. Para aquele que chora todo os dias, que recurso lhe restará quando uma grande dor se abater sobre ele, uma dor para qual sejam necessárias as máximas defesas? Sempre há o suicídio, mas isso, depois de tudo, não deixa de ser uma solução pobre. Quero dizer que é praticamente impossível viver em uma crise permanente, fabricando-se uma impressionabilidade em que a pessoa possa submergir (uma espécie de banho diário) em pequenas agonias. As boas senhoras dizem, com seu habitual sentido de economia psicológica, que não vão ao cinema assistir a filmes tristes porque "a vida em si já é bastante amarga". E têm certa razão: a vida é suficientemente amarga para que, além disso, fiquemos chorosos, melindrosos ou histéricos só porque algo se antepôs em nosso caminho e não nos deixa seguir nosso percurso até a felicidade, que às vezes vai lado a lado com o desatino.


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Mario Benedetti
A trégua



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da série Leituras de férias
fazia tempo que queria ler ele, e está valendo a pena
simples, mas profundo


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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

do encontro

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"Ele trazia o coração envolto por uma casca. De modo que nem parecia haver ali uma batida. Ele era um morto-vivo, sorrindo para o mundo uma alegria comprada em loja. Um dia ele topou com ela. Ela, sim, trazia o seu coração nu, carne viva, pulsando convicto. E foi assim que os dois corações nunca se encontraram. Um dia a casca do coração dele se quebrou e quem ficou nu foi ele, diante do que sentia. Pegou seu próprio coração com as mãos, quente feito brasa, e o jogava para um lado e para o outro sem saber o que fazer com aquele amor que lhe queimava a pele. Quando olhou aquela bomba vermelho-sangue, o coração dela explodiu em sorriso. Mas o tempo passou de novo e o que ela viu crescer não foi amor: foi outra casca. Outra dura e forte a esconder mais uma vez aquele músculo frágil, a ponto de nem se ouvirem mais as batidas. E o coração que ela não mais vê, não mais sente. E o dela ganha paz de novo, como quem viveu um sonho breve e acordou."




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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

dos sentimentos tóxicos

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"Gozado como a gente vai escavando o buraco com uma colherinha de chá - uma concessão mínima, um arredondamento insignificante ou uma levíssima reformulação de determinada emoção para outra que seja um tiquinho mais simpática ou lisonjeira. Não me importava o fato de em si me ver privada de uma taça de vinho. Mas, como a lendária viagem que começa com um único passo, eu já tinha embarcado no meu primeiro ressentimento.
Ressentimento banal, é verdade, mas a maioria deles o é. E, por sua pequenez, me senti obrigada a reprimir. Por falar nisso, essa é a natureza do ressentimento, a objeção que não podemos exprimir. É o silêncio, mais que a queixa, o que torna a emoção tão tóxica, como os venenos que o organismo não expele com a urina. Vai daí que, por mais que eu tentasse ser adulta sobre a questão do meu suco de uva-do-monte, escolhido a dedo por sua semelhança com um beaujolais jovem, lá bem no fundo eu continuava uma pirralha. Enquanto você ficava sugerindo nomes (para meninos), eu revirava o cérebro para saber, no meio de tudo aquilo - fraldas, noites insones, idas a jogos de futebol - pelo que eu devia ansiar."



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Precisamos falar sobre Kevin
Lionel Shriver



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sábado, 12 de dezembro de 2009

as paredes

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"It's kind of messy."

"That's OK."

For Tom Hansen, this was the night everything changed. That wall that Summer so often hid behind, the wall of distance, of space, of casual, that wall was slowly coming down. For here was Tom, in her world, a place few had been invited to see with their own eyes.

And there was Summer, wanting him there. Him, and no one else.

(...)

"I'm free, I'm safe. Then I realize... I'm completely alone. Then I wake up."

As he listens, Tom begins to realize that these weren't stories routinely told. These were stories one had to earn. He could feel the wall coming down. He wondered if anyone else had made it this far, which is why the next six words changed everything.

"I've never told anybody that before."

"I guess I'm not just anybody"



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do 500 dias com ela



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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

das lições que já deveriam ter sido aprendidas

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Não fale. Seja discreta. Quando as pessoas comentarem sobre a sua discrição, aí mesmo que você precisa cuidar. Mantenha as aparências.

Aprenda a lidar com seus rompantes de tagarelice. Aprenda a ficar quieta.
Dê sua opinião somente quando ela for solicitada.

Mantenha as informações que você recebe dentro de si. Não é tão difícil, não vai te matar. Compartilhe somente o que merece e pode ser dividido. Guarde o restante para si.

Não confie. Não confie na amiga de anos, nem nas pessoas que você conhece há três meses. Não confie em si mesma.


Aprenda. De uma vez por todas, aprenda a viver a sua vida. E a deixar a vida dos outros acontecer da maneira que eles preferem que aconteça.



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tão difícil.



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sábado, 28 de novembro de 2009

nunca é demais

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Já defendi aqui a idéia de que clichês existem pois são reconfortantes. É sempre bom saber que certas coisas nunca vão mudar. Feriados e datas comemorativas, para mim, são clichês. E como todo clichê, em parte me irritam, em parte me deixam muito emocionada.


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De todos os feriados, tenho um carinho especial peloi Thanksiving, que nem é comemorado por aqui, a não ser em um sentido estritamente religioso, e, se não me engano, basicamente católico. Nada a ver comigo, portanto.
O carinho que eu tenho se origina na minha primeira estada longa em terras americanas (estadunidenses, se preferirem). Sim, os comunistas, socialistas e demais idealistas que eventualmente estiverem lendo devem estar torcendo o nariz. Fato é que lá estive, e lá vivi momentos bons, especialmente no referido final de semana de ação de graças.

Além dos momentos super propaganda de margarina, família toda reunida, muita comida na mesa, a lareira acesa, todo mundo jogando football, as tias cacarejando, os primos olhando TV, a viagem de carro, dormir todo mundo em colchonete, jogado pela casa, comer torta de maça, de chocolate, de abóbora e um peru gigante, o que mais me lembro é de um momento específico. Minutos antes do almoço, todos sentados a mesa, lindamente reunidos, cada um teve que se pronunciar e declarar por quais coisas estava agradecido.
Eu sei, não há nada mais cafona do que sair propagando por aí que somos felizes e que temos uma vida maravilhosa. Mas, naquele momento, tudo me pareceu de uma beleza e de uma sinceridade assustadora.


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E desde então, toda quarta quinta-feira de novembro, eu paro e penso nas coisas pelas quais estou grata:


Família, por mais que ela incomode, por mais que haja pressão, por mais que existam mentiras. Ainda é a base, ainda é com quem eu mais posso contar. Ainda são quem eu vejo todo dia. Com quem eu brigo, a quem eu mais tento agradar.

Quilos perdidos. Sim, agradeço pelo que deixei para trás. Por uma nova realidade, por tudo que isso me trouxe. Por (um pouco) mais de confiança. Por elogios recebidos. Pelas mudanças que ainda acontecerão.

Flores frescas no vaso. Flores que caem das árvores e colorem a calçada. Flores no pé. E pelas borboletas que voam ao redor.

Meu cachorros, que, por mais absurdo que isso possa parecer, me olham cheios de amor. Me fazem companhia quando me sinto só. Me recepcionam não importa a hora que eu esteja chegando. Minha gata, que me acorda de manhã, me garantindo mais uns minutos de sono, já que não gosto de perturbá-la. A harmonia entre os cachorros e a gata, aqui em casa.

Livros. Os que li, e os que não li. Os que comprei, os que ainda estão na lista. Os que foram emprestados e retornaram. A pilha que eu vejo todo dia, e que sei que nunca vai parar de crescer.

Torta de maçã. Marzipan. Chocolate 70% cacau. Cappuccino. Filé. Risoto de cenoura. Salmão grelhado. Pipoca na Redenção. Bala de minhoca azeda. Uva, pêssego, morango. Rosca saindo do forno. Pizza da Buca. Sushi de salmão com cream cheese. Rolinho primavera. Batata frita do Shamrock. Torta de bolacha. Strogonoff de atum. Batata palha. Saladas bem feitas. Azeitonas. Sorvete Haagen-Dazs. Spatzle de espinafre. Chuchu cozido.

O Francisco, o Arthur e o João. As únicas crianças que alegram os meus dias e que habitam os meus pensamentos.

Alunos, alguns. Nem todos, infelizmente.

Risadas e gargalhadas. Sorrisos furtivos. Sorissos espontâneos. Sorrisos sinceros. Abraços apertados. Beijos. Mordidas.

Cabelos compridos.

Espumante gelada na beira da praia. Caipirinha na beira da piscina. Cerveja no Campus 3. Taças de vinho no inverno. Litros de água mineral. Suco de uva. Limonada.

Música. Little Joy, Norah Jones, Marcelo Camelo, Fito, Beatles, Amy, Bob Dylan, cat Power, Bright Eyes, Jimi Hendrix, Velvet Undergound.

Garopaba. Gramado. Porto Alegre.

Once, que foi o filme mais lindo do ano.

Amigos, outro clichê. Os que chegaram há pouco, os que estão aqui há tempo. Os que passaram rápido, os que nunca vão embora. Os que fazem rir, os que seguram minha mão quando eu quero chorar. Os que fazem arte, os que fazem filosofia, os que fazem a vida mais feliz. Os que eu vejo quase nunca, os que eu falo todo dia.


Acima de tudo, estou grata pelas lágrimas que chorei. Pelas que ainda vou chorar. Pelas que não querem sair de dentro de mim. Pois, para mim, elas são sinal de que ainda sinto. Se sinto, ainda vivo. Se vivo, compartilho. Se compartilho, é porque vale a pena.





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(saiu com dois dias de atraso, mas saiu)




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terça-feira, 24 de novembro de 2009

dormindo o sono dos justos

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"Ele a estreitou contra si e levemente ela adormeceu em seus braços. Nos braços dele, mesmo no auge da agitação, sempre se acalmava. Ele contava a meia voz bobagens para ela, palavras tranqüilizadoras ou engraçadas que repetia num tom monótono.
Quando dormiam, ela o segurava como na primeira noite: apertava-lhe firme o pulso, um dos dedos, ou o tornozelo.
Tomas dizia consigo mesmo: deitar-se com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não apenas diferentes, mas quase contraditórias. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma multidão inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado (esse desejo diz respeito a uma só mulher)."



Milan Kundera
A Insustentável leveza do ser




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roubei da fê



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terça-feira, 10 de novembro de 2009

"I guess when you're young, you just believe there'll be many people with whom you'll connect with. Later in life, you realize it only happens a few times."
Before Sunset
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"eu acho que quando você é jovem, você simplesmente acredita que haverá muitas pessoas com quem você irá se conectar. Mais tarde na vida, você percebe que somente acontece algumas poucas vezes."

Antes do pôr do sol


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um dos filmes mais perfeitos que existe. ponto.







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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

sentir? [2]

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esquece tudo.
me ocorre que o problema não é não sentir.
nem mesmo a demora para sentir.

o problema é que meu sentir é diferente.
foge da convenção social. não obedece a normas e padrões. não aceita limites nem imposições. quer ser diverso, quer se destacar, quer ser rebelde.
quer se esconder, pois tem medo de se mostrar.

ah, mas existe.
e é tão intenso que parece que nunca vai acabar.



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das coisas que me fazem uma verdadeira contradição ambulante.



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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

sentir?

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é muito difícil eu me permitir sentir.
é muito difícil dizer eu te amo para uma amiga de muitos anos, e mais difícil ainda para uma pessoa que mal conheço. consigo me preocupar de verdade com as pessoas que gosto, mas não consigo me identificar com a dor que eles sentem. me sinto culpada quando não consigo dar a devida atenção a quem vem me visitar e fico preocupada com o que vão pensar, mas desconfio que isso se deva mais a uma convenção social e à uma necessidade constante de aprovação.
é muito difícil, hoje em dia, eu me empolgar. demonstrar entusiasmo. espero sempre que minhas expectativas sejam frustradas.
é muito difícil eu confrontar. não gosto de combate. não consigo revidar. não consigo cobrar. não consigo me impor.


não consigo me libertar das amarras que me cercam.
e não consigo pensar nisso sem ter consciência da tristeza que me dá ser assim.



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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

o instinto

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às vezes, do nada, percebo que estou como que procurando alguém. olho para os lados e penso no que faria se visse determinada pessoa. é um pensamento de um segundo, dois no máximo.
quando penso em um, é por medo. em outro, é por surpresa. em outro, é por hábito. ou por saudade. com esse, acontece cada vez menos.

e quando penso em outro, é por vontade.


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e essa vontade dá medo, de vez em quando.




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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

o querer

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Fato 1: seres humanos são guiados pelo desejo. Fato 2: vivemos na chamada sociedade de consumo.
Já diziam os Titãs: desejo, necessidade, vontade, necessidade, desejo.


O tempo todo, queremos.
Mas, queremos o que?


Eu quero muitas coisas.


Quero um óculos de sol.
Quero arrumar meu quarto. Quero disposição para isso. E, ao mesmo tempo, quero tempo. Quero um armário maior, pois sem este, não consigo deixar o quarto arrumado. Aliás, quero um quarto novo. Com banheiro. Na verdade, quero um apartamento. Barato e bem-decorado, com minha cara.
Quero uma roupa da Farm. Quero mais roupas da Hering. Quero calças jeans que me sirvam perfeitamente.
Quero mais livros. Sempre quero mais livros. A minha lista de desejos nunca para de crescer. Quero um lugar para guardar meus livros. E uns três anos de férias para conseguir lê-los. Aliás, quero férias permanentes, para poder ficar lendo o resto da vida. Nem assim eu leria tudo que gostaria de ler, tenho certeza.
Quero uma vida mais musical. Mais shows, mais concertos eruditos, mais MPB, mais rock'n'roll. Quero tempo de organizar meu iTunes. Quero baixar mais. Queria não ter que baixar ilegalmente, mas a vida não permite.
Quero alunos mais inteligentes. Sou idealista. Quero chefes mais ágeis e mais organizados. Mais honestos, também. Quero receber todo meu salário, todo mês. Quero o que me devem do mês passado. Quero pagar as contas do fim do mês sem ter que recorrer à poupança.
Quero mais paciência e mais tolerância.
Quero menos 6 quilos e menos 10 centimetros de cintura. Mais uns 4 centimentros de busto. Quero correr pelo menos uma hora. Quero não ter dor no joelho.
Quero gostar de cerveja, pois acho que é um fator socializador. Não quero me sentir excluída por um detalhe.
Quero ir à todos os médicos que preciso ir, sem me enrolar. Quero achar um dentista que me agrade e criar o hábito de consultá-lo duas vezes ao ano.
Quero um carro que se auto-estacione. Quero ser livre da obrigação de saber fazer baliza. Quero um carro que não consuma muita gasolina e que não polua o meio ambiente. Quero mais consciência ecológica. Não só para mim, para todos.
Quero plantar árvores. Quero sentar debaixo de árvores e olhar o céu. Quero tranquilidade e paz.
Quero mais idas ao cinema. Quero assistir mais filmes. Quero uma locadora decente na cidade em que moro.
Quero falar francês. Quero voltar à França. Quero me apaixonar por Paris novamente. Quero voltar à estudar italiano. Quero comer pizza em Napoli e caminhar em Cinque Terre.
Quero cabelos mais compridos e mais fortes. Uma sobrancelha que fique sempre bem desenhada. Unhas que não quebrem e esmaltes que não descasquem. Preciso de um conjunto de pincéis de maquiagem decente.Quero criar o hábito de usar sombra. E quero melhorar o meu traço do delineador.
Quero paz na minha família. Quero uma família mais unida, dos dois lados.
Quero mais amigos, porque amigo sempre é bom. Quero estar mais com os amigos que já tenho. Quero ser mais compreensiva. Mais espontânea. Menos rancorosa. Ter mais capacidade de perdoar. Quero menos desentendimento. Quero mais tempo livre para estar com as pessoas que eu amo.
Quero mais coragem e mais ousadia.
Quero menos neurose. Mias confiança.
Quero paz de espírito.

Quero mais vida. Mais viver. Mais capacidade de aproveitar.




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É muito querer.



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o coração, parado.






me emocionei ouvindo isso:


"so what happens when the heart just stops
Stops caring for anyone
The hollow in your chest dries up
And you stop believing

So what happens when the heart gives up
But the body goes on living
The blood crawls to a slow and stops
And flows away

(...)


There is a hollow in my chest
The time I won't forget
There is no comfort in the eyes
They put us always to the test
I can't prepare myself for that
But I work it out in time
There is a love that flows between us
Ever-changing everyday
I worked myself up to a crawl
But I'm not fearing it at all
We have no reason left to stay
And that's why we're leaving
And there was no answer in the dust
And the one I feared to trust
There is a lie that drags us
Beating and pulling into disappointment"




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para pensar, numa sexta-feira ao meio dia
ou para traduzir os pensamentos de toda semana.



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domingo, 18 de outubro de 2009

o amor [2]

aí que voltei para casa, domingo a noite, ouvindo (e cantando) isso:





e fui fazendo um balanço do final de semana na minha mente. e fiquei pensando como essa música é uma verdade. porque nada do que fiz foi extremamente caro, extremamente elaborado, extremamente luxuoso. não precisou de muito. mas foi um baita final de semana. e foi um baita final de semana por causa do amor. todas as formas de amor.

o amor que se vê quando se encontra um casal de amigos que não se via há quase seis meses, e parece que foi ontem que vocês se viram, e que conseguem te fazer ficar confortável, mesmo estando solteira. o amor de ouvir um "sara" e ver um sorisso no rosto do moço do restaurante.
o amor dos alunos, que te fazem elogios, te fazem dar risada.
o amor presente em um almoço de família em que não há brigas.
o amor que circunda um encontro de quatro amigas tomando chimarrão no sol e comendo torta de maçã. o amor que faz com que essas mesmas amigas não se importem de ser convidadas a se retirar da sua casa. o amor que é ter uma amiga que lê coisas para faculdade e faz listinhas, pois acha que você vai gostar de ler as mesmas coisas, que traz um potão de chá verde da china, e carrega pedras da muralha, pois sabe que você tem uma coleção.
o amor de ser chamada para caminhar na tarde de sábado, e de saber que sua companhia é agradável.
o amor que se espalha quando saio com amigos, dou risada. mesmo com os amigos críticos, que às vezes te fazem chorar. o amor de ter uma amiga tão única e tão especial que é só ela que pode ouvir certas confissões, dentro do carro, de madrugada. e de saber que, por mais doente que seja a idéia, ela a entendeu e não julgou.
o amor de receber uma visita de um amigo-irmão no almoço de domingo, e de saber que basta ele estar aqui, sentado no computador ao lado, basta para expressar esse amor.
o amor que vem nos convites via telefone e MSN para tomar chimarrão no domingo a tarde.
o amor que tentei sentir, e que não deu. o amor que foi sentido por mim, e me fez mal. o amor que pode vir de estar sozinha, mas de estar bem.
o amor pela corrida, pela sensação de liberdade que ela proporciona.
o amor que existe na disposição em fazer um autêntico rodízio de pizza para as amigas no domingo a noite. o amor desses encontros, cheios de nostalgia, cheios de admiração, cheios de boas risadas. o amor de ter uma amiga com quem você se comunica só pelo olhar.



o amor. maior ou menor, mais ou menos intenso, mas é amor.
e eu gosto.



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o amor...

e ainda por cima, em francês








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quotes. many of them

esse post será sobre tudo, e será sobre nada. pq tudo e nada é o que há na minha mente. e pq estou a ler coisas interessantes, e preciso registrá-las.



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“Can we possibly imagine love without anxiously following our image in the mind of the beloved? When we are no longer interested in how we are seen by the person we love, it means we are no longer in love.”
— Milan Kundera

"Nós podemos imaginar o amor sem seguir ansiosamente a nossa imagem na mente do amado? Quando nós não estamos mais interessados em como somos vistos pela pessoa que amamos, significa que não estamos mais apaixonados."


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“Te amo sin saber cómo, ni cuándo, ni de dónde,
te amo directamente sin problemas ni orgullo:
así te amo porque no sé amar de otra manera.”
- Pablo Neruda



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"So love the people who treat you right, forget about the ones who don’t, and believe that everything happens for a reason. If you get a chance, take it. If it changes your life, let it. Nobody said that it’d be easy, they just promised it would be worth it."
Grey’s Anatomy

"Então ame as pessoas que te tratam bem, esqueça as que não o fazem, e acredite que tudo acontece por um motivo. Se tiver a chance, aproveite-a. Se ela mudar a sua vida, deixe-a. Ninguém disse que seria fácil, só prometeram que valeria a pena."



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“ There is a way to touch another person that tells them “all of you is good, none of you is wrong, no part of you doesn’t deserve acceptance.” I know what that touch feels like, and it breaks open an inner yolk. You can actually feel the giving way inside, the slow flood of gold filling your heart.
— Years


"Há uma maneira de tocar outra pessoa que diz a elas "tudo em você é bom, nada em você está errado, nenhuma parte de você não merece aceitação." Eu sei como é sentir esse toque, e ele quebra uma gema interna. Você pode realmente sentir dentro de você a vagorasa inundação de ouro preenchendo o seu coração."



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“ There are two kinds of secrets: those we keep from other and those we hide from ourselves."
— Frank Warren


"Há dois tipos de segredos: aqueles que a gente guarda dos outros e aqueles que a gente esconde de nós mesmos."



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“ The possibilities are numerous once we decide to act and not react."
— George Bernard Shaw


"As possibilidades são numerosas a partir do momento em que decidimos agir e não reagir."



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“A single event can awaken within us a stranger totally unknown to us. To live is to be slowly born."
— Antoine de Saint-Exupéry



"Um único evento pode despertar dentro de nós um estranho que nos é completamente desconhecido. Viver é nascer lentamente."



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sábado, 10 de outubro de 2009

as coisas que devemos fazer

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Numa das andanças virtuais, há muito tempo, encontrei esse post aqui. e pensei que daria uma boa reflexão e serviria como inspiração, qualquer dia. A inspiração da autora foi o filme Antes de Partir (título horrível, filme bem mais ou menos, mensagem bem clichê).
Enfim... a idéia é boa. O que deveríamos (ou gostaríamos) de fazer antes de morrer?
Além do esquema plantar uma árvore (fiz), escrever um livro (também fiz) e ter um filho (não sei se quero fazer), é claro.

Claro, não há garantias de que faremos. Pode ser que (espero que não) morramos amanhã. Pode ser que vivamos muito tempo. Mas acho a idéia de listas sempre interessante. Essa, em particular, pode servir como inspiração para tornar os dias menos monótonos e a vida mais doce, não?


a lista do post é a seguinte:

1. Andar na carona de uma motocicleta (já fiz)
2. Namorar (ou ficar) alguém que tenha tatuagens visíveis (não. não. como não?)
3. Comprar um kit de ferramentas e aprender a usá-lo
4. Viajar sozinha (yeah!)
5. Passar um dia no melhor spa que puder pagar (eu quero!)
6. Dirigir rapidamente (já fiz, mas parei com essa vida)
7. Namorar (ou ficar) alguém mais velho (ah, sim... ;) )
8. Namorar (ou ficar) alguém mais novo que você (4 anos conta como mais novo, né?)
9. Morar em um país estrangeiro (sim)
10. Ter um romance com alguém que não fale inglês - ou português, no nosso caso (sim)
11. Encontrar algum de seus ídolos
12. Fazer algo que seus amigos não aprovem (quando se tem amigos muito diversificados, algum deles sempre vai aprovar qualquer coisa que você fizer, eu acho)
13. Mergulhar na sua própria psicologia (acho que me conheço bem, até)
14. Orgulhar-se do seu sorriso e risada (eu gosto!)
15. Morar sozinha (não é a situação atual, mas já foi)
16. Aprender a dizer não (preciso!)
17. Dar tempo a uma causa em que você acredite (já fiz, preciso fazer de novo)
18. Perdoar os seus pais por qualquer coisa que eles tenham feito errado (complicou)
19. Ter algumas fotos suas que você realmente gosta (tenho. poucas, mas tenho)
20. Aprender a dirigir (meio mal, mas dirijo)
21. Tornar-se melhor em discursos em público (ahm, não sou a pior, nem a melhor)
22. Entender quão afortunado você é (mais uma complicação)
23. Quebrar seus comportamentos destrutivos (quem? eu? nem tenho nada disso!)
24. Desenvolver o seu visual e assustar-se: compre roupas diferentes (adoro, desde cedo)
25. Apaixonar-se perdidamente e loucamente





A minha lista?
Começaria com apaixonar-se, pois é algo que eu muito gostaria de fazer e que sinto que não me sentirei completa sem isso. Passaria por pintar os cabelos de vermelho, pois para mim sempre foi uma experiência interessante. Teria um item dedicado a ver o sol nascer acompanhado de amigos depois de uma festa. Ir a um show de rock, de uma banda grande. Ir para Tailândia e para Índia. Ler vários livros. Aprender a cozinhar, ter um prato como sua especialidade. Aprender a flertar. Aprender a dançar. Ter um animal de estimação. Encontrar algum esporte que você realmente goste. Encontrar um emprego que te satisfaça. Ter amigos, bons amigos. Manter as amizades. Superar as brigas, ou esquecer as que não podem ser superadas e seguir em frente. Dar risada até a barriga doer - muitas vezes. Aceitar seu corpo com ele é, e ser feliz com isso. Beijar um estranho. Fazer uma viagem romântica a dois - de preferência a Paris. Permitir-se uma tarde de compras, sem controle. Aprender a dar nó em gravata. Aprender a trocar fralda. Ser dinda. Passar tempo com crianças, elas são revigorantes. Quando viajar, passear por cemitérios, eles podem ser fascinantes. Achar um ou mais assuntos que te atraiam e estudar sobre eles. Desenvolver algum sentido de espiritualidade. Comer alguma coisa realmente diferente. Ir a um jogo de futebol. Pular de para quedas (ou coisa semelhante). Aprender a aceitar críticas E elogios. Tomar banho de cachoeira. Passar um Natal em New York. Cantar em um karaokê. Comprar um vestido deslumbrante - mesmo que ele seja caro, e que você não tenha ocasião para usá-lo. Andar de montanha-russa. Superar pelo menos um dos seus medos. Andar de balão. Fazer uma tatuagem. Participar de uma corrida. Andar de bicicleta em Amsterdam. Ver um show de tango em Buenos Aires. Aprender a surfar. Fazer um cruzeiro. Ver baleias de perto. Ver leões.


Já falei amar?
Amar a família, os amigos, amar alguém acima de tudo.

Essencial, mesmo, só isso.



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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

arranhões

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"You buy things and you keep them clean. You take care of them. Keep them in a special pocket. Away from keys and coins. Away from other things that should be kept clean and taken care of as well. Then they get scratched. And scratched again. And again. And again. And again. Soon, you don't care about them anymore. You don't keep them in a special pocket. You throw them in the bag with everything else. They've surpassed their form and become nothing but function. People are like that. You meet them and keep them clean. In a special pocket. And then you start to scratch them. Not on purpose. Sometimes you just drop them by accident or forget which pocket they're in. But after the first scratch, it's all downhill from there. You see past their form. They become function. They are a purpose. Only their essence remains."



"Você compra coisas e as mantém limpas. Você cuida delas. Mantem elas em um bolso especial. Longe de chaves e moeadas. Longe de outras coisas que deveriam ser mantidas limpas e cuidas também. Então elas arranham. E arranham novamente. E novamente. E novamente. E novamente. Logo, você não se importa mais com elas. Você não as mantem em um bolso especial. Você as joga na sacola com todo o resto. Elas perdaram a forma e se tornaram nada mais do que função. As pessoas são assim. Você as conhece e as mantem limpas. Em um bolso especial. E daí você começa a arranhá-las. Não de propósito. Às vezes você só as deixa cair sem querer ou esquece em que bolso elas estão. Mas depois do primeiro arranhão, é só ladeira abaixo. Você enxerga além da forma delas. Elas se tornam função. Elas são um motivo. Somente a essência delas permanece."



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daqui

domingo, 4 de outubro de 2009

preso, porém com asas

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"O ALFABETO

Gosto muito das letras do meu alfabeto. À noite, quando a escuridão é demais, e o único vestígio de vida é o pontinho vermelho da luzinha do televisor, vogais e consoantes dançam para mim uma farândola de Charles Trenet: “De Venise, ville exquise, j’ai gardé lê doux souvenir...” De mãos dadas, elas atravessam o quarto, giram em torno da cama, percorrem a janela, serpeiam sobre a parede, vão até a porta e saem para dar uma volta.

E S A R I N T U L O M D P C F B V H G J Q Z Y X K W

A aparente desordem desse alegre desfile não é fruto do acaso, mas de cálculos inteligentes. Mais que um alfabeto, é uma hit-parade em que cada letra é classificada em função de sua freqüência na língua francesa. Assim, o E vai caracolando na frente, e o W enganchado atrás para não ser largado pelo pelotão. O B bronqueia porque ficou perto do V, com o qual é sempre confundido. O orgulhoso J se espanta por estar tão longe, ele que começa tantas frases ([2]). Envergonhado porque o H não hesitou em lhe roubar o lugar, o gordo G vai grunhindo de raiva, e, o tempo todo no “tu lá tu cá”, o T e o U saboreiam o prazer de não terem sido separados. Toda essa reclassificação tem um porquê: facilitar a tarefa de todos os que quiserem tentar comunicar-se diretamente comigo.

O sistema é bem rudimentar. Meu interlocutor desfia diante de mim o alfabeto versão ESA... até que, com uma piscada, eu o detenha na letra que é preciso anotar. Aí recomeça a mesma manobra para as letras seguintes e, não havendo erro, depressinha conseguimos uma palavra inteira, depois segmentos de frases mais ou menos inteligíveis. Essa é a teoria, as instruções de uso, a nota explicativa. Mas há a prática, a irreflexão de uns e o bom senso de outros. Nem todos agem da mesma maneira diante do código, como também se chama esse método de tradução de meus pensamentos. Quem costuma fazer palavras cruzadas e jogar mexe-mexe ganha disparado. As garotas se saem melhor que os garotos. De tanto praticar, algumas conhecem o jogo de cor e nem usam o sacrossanto caderno, metade memento, para lembrar a ordem das letras, metade bloco de notas, onde são registradas todas as minhas frases, como oráculos de pitonisa.

Aliás, eu me pergunto a que conclusões chegarão os etnólogos do ano três mil, se por acaso folhearem esses cadernos onde se encontram, de cambulhada, numa mesma página, frases como: “A físio está grávida”, “Principalmente nas pernas”, “É Arthur Rimbaud”, e “A França jogou mal pra burro”. Tudo isso entremeado de patacoadas incompreensíveis, palavras mal compostas, letras perdidas e sílabas desarrimadas.

Os emotivos são os que se perdem mais depressa. Com a voz em surdina, adivinham o alfabeto a mil por hora, anotam algumas letras a esmo e, diante do resultado sem pé nem cabeça, exclamam com o maior descaro: “Sou uma nulidade!” Afinal de contas, até que é repousante, pois eles acabam assumindo toda a conversa, fazendo perguntas e dando respostas sem que eu precise ficar instigando. Tenho mais medo dos evasivos. Se pergunto: “Como vai?”, respondem “Bem”, e no ato já me passam a jogada. Com esses, o alfabeto vira tiro de barragem, e é preciso ter duas ou três perguntas prontas de antemão para não soçobrar. Os pés-de-boi é que nunca se enganam. Anotam todas as letras, escrupulosamente, e nunca procuram penetrar o mistério de uma frase antes que ela esteja terminada. Nem pensar em completar uma palavra sequer. Com o pescoço na forca eles não acrescentarão por iniciativa própria o “melo” ao “cogu”, o “mico” que segue o “atô” e o “nável” sem o qual não há como acabar o “intermi” nem o “abomi”. Essa lentidão torna o processo enfadonho, mas pelo menos são evitados os contra-sensos em que se atolam os impulsivos quando deixam de confirmar suas intuições. No entanto, entendi a poesia desses trocadilhos no dia em que, como eu pedisse meus óculos (lunettes), alguém me perguntou com grande elegância o que eu queria fazer com a lua (lune)..."


O escafandro e a borboleta
Jean-Dominique Bauby




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na verdade, acho que já tinha ouvido falar desse livro na época do lançamento dele. mas, como muitos outros que eu pensei "putz, deve ser tri bom", ficou esquecido em algum canto da memória. (aliás, deve ser interessante olha a imensa lista de livros que está perdida na minha menória, são tantos que eu gosto, tantos que eu gostaria de ter, de ler, de comprar...)



agora, esse ano, com o lançamento do filme homônimo, o filme voltou às patreleiras virtuais (é uma pena que eu não disponha de uma livraria real decente para tocar nos livros) e ficou me perseguindo.
o título, obviamente, me chamou atenção, como tudo que contêm esses seres voadores. juntar uma borboleta a um escafandro, então, é pelo menos instigante. quando li o resuminho, já estava apaixonada, sem nem mesmo pegar o livro na mão.
iniciamos uma paquera. mas foi uma paquera longa, demorada, paciente (e as melhores não são assim?). cheguei a comprá-lo para uma amiga e avisar "quero emprestado".
mas a paquera continuou, continuou.

semana passada, finalmente, tomei coragem e convidei o livro para sair. estava muito barato, não pude resistir aos R$ 9,90 do submarino. e, assim que ele chegou, dei um beijo nele e não larguei mais.

a paixão se concretizou.

é lindo, é poético, e é uma lição de vida, sem ser clichê. é intelectual, mas de uma maneira simples. é bem-humorado e espirituoso, porém dramático.
é plural.


e quem não se apaixona por plural?


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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

perguntas e respostas

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“have patience with everything that remains unsolved in your heart. try to love the questions themselves, like locked rooms and like books written in a foreign language. do not now look for the answers. they cannot now be given to you because you could not live them. it is a question of experiencing everything. at present you need to live the question. perhaps you will gradually, without even noticing it, find yourself experiencing the answer, some distant day.” rainer maria rilke


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"tenha paciência com tudo que permanece mal resolvido no seu coração. tente amar as próprias questões, como quartos trancados e como livros escritos em uma língua estrangeira. agora não procure pelas respostas. elas não podem ser dadas a você porque você não poderia vivenciá-las. é questão de experimentar tudo. no presente, você precisa viver a pergunta. talvez você vai, gradualmente, sem nem mesmo reparar, encontrar-se experimentando a resposta, em algum dia distante."




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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

lembranças de outra vida

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esse final de semana, lembrei. de amigos distantes, de amigos não tão distantes, de ex-amigos.
lembrei de disney moments, da magia que era tudo aquilo, do sorriso fácil no rosto quando se trabalha em uma terra realmente encantada.
lembrei de como eu gosto da chuva, de como é bom ficar vendo a água cair do céu, de como isso me deixa em paz. lembrei do bob dylan, e lembrei que eu sempre prometo que eu vou ouvi-lo mais e tratá-lo com o devido respeito.
lembrei de como eu gosto de ir ao abbey, mesmo que esteja lotado e que não seja com a melhor companhia. de como festas anos 80 podem ser extremamente divertidas. de como eu gostaria de ter mais tempo e mais companhia para ir lá e em outros lugares. de sair mais a noite. de dançar como se o pé não doesse, como se ninguém estivesse olhando.
lembrei de como é bom ter gente ao meu redor. amigos queridos, pessoas novas. lembrei que uma das coisas que eu mais sinto falta nesse mundo é de ter contato físico com meus amigos. abraçar, dar beijo, fazer carinho. lembrei que não sei porque não tenho esse hábito mais.
lembrei de paris, das luzes a noite, dos edifícios antigos, do rio sena correndo como se não houvesse uma metrópole ao redor, da primeira vez que eu vi notre-dame.
não lembrei de trabalho, a não ser ontem a noite, e decidi ignorá-lo. e lembrei que o momento no trabalho é ruim, e que foi bom ficar sem lembrar por um tempo.
lembrei da vista que se tem da casa de uma amiga em gramado, para o vale do quilombo, e do lago que tem no condomínio dela, e de como eu gostaria de sentar ali e ficar horas lendo um livro, calmamente, como se não houvesse mundo ao redor. lembrei de livros que li. lembrei que é bom ter pessoas com quem conversar sobre livros. lembrei que faz um mês para a feira do livro e que isso me deixa muito feliz. lembrei que na feira do livro eu sou pior que criança em parque de diversão.
lembrei da pessoa de cabelo comprido. lembrei como era bonito aquele cabelo, como eu gostava de mexer nele. lembrei de um beijo muito bom, em uma das noites em que mais me diverti nesse ano. lembrei do que poderia ter sido e não foi. e lembrei que lembrar pode doer, às vezes. e lembrei também que esquecer poder ser muito mais difícil que se imagina. e muito mais longo. mas lembrei que o passado ao passado pertence, e que preciso providenciar um futuro.
lembrei de tirar a torta e os brownies do forno antes de queimarem. lembrei de ser paciente na cozinha. lembrei como é bom ter uma amiga que se sente confortável o suficiente para se refugiar na minha casa por horas a fio.
lembrei que eu gosto muito de beber caipirinha com cachaça. muito melhor do que a de vodka, e muito mais forte. e lembrei que esse é um dos únicos ufanismos patrióticos que eu gosto de manter.
lembrei como eu gosto de ficar quieta observando ao invés de ficar falando sem parar. lembrei a sensação que é ficar envergonhada e não saber o que dizer. lembrei como é bom sentir que você é querida, apesar de ser uma chata. lembrei como é bom dar risada até a barriga doer.

lembrei que gostaria de lembrar mais. e de viver mais, para ter mais o que lembrar.



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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

das decisões

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"Foi assim que raciocinei então, fazendo da minha cobiça a sentinela de um estranho cálculo moral, silenciando minha má consciência. Mas isso não me deu a coragem para ir visitar a Sra. Schmitz. Um motivo era explicar a mim mesmo por que minha mãe, o honrado pastor e minha irmã mais velha, se tdos eles refletissem profundamente, não me poderiam impedir, mas teriam de me aconselhar a ir. O fato de ir visitá-la era algo completamente diferente. Não sei por que o fiz. Mar reconheço hoje nos acontecimentos daquela época o modelo segundo o qual, ao longo da minha vida, ações e comportamentos concordaram ou não concordaram entre si. Penso, chego a um resultado, mantenho o resultado preso a uma decisão e faço a experiência de que a ação é uma coisa por si mesma, que pode mas não tem que seguir a decisão. Com bastante frequência no decorrer da minha vida fiz o que não tinha decidido e deixei de fazer o que tinha decidido. Algo, que nunca saberei, age; "algo" dirige-se à mulher que não quero mais ver, "algo" faz diante dos superiores a observação que me desgraça, "algo" volta a fumar depois que percebo que sou e permanecerei sendo um fumante. Não quero dizer que pensar e decidir não tenham nenhuma influência sobre a ação. Mas a ação não perfaz simplesmente o que foi pensado e decidido de antemão. Ela tem sua própria fonte e e da mesma maneira independente, como meu pensamento é meu pensamento, como minha decisão é minha decisão."



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de uma das leituras atuais: O leitor, Bernard Schlink
fazia tempo que estava querendo ler, e não estou me arrependendo
porque o negócio é bem profundo e bem instigante, sabe?


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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

existe um sentido?




"Eu tenho medo que se você olhar para algo por tempo suficiente, ele perde todo o seu sentido"
Andy Warhol





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tudo anda meio sem sentido para mim. acho que já olhei para as coisas por muito tempo, mesmo.
mas, se não tem sentido, o que é que tem?




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terça-feira, 8 de setembro de 2009

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"Movendo-me no meio de meu povo, nunca fiquei impressionado com quaisquer de suas realizações, jamais senti a presença de qualquer profundo impulso religioso, nem de um grande impulso estético: não existia nenhuma arquitetura sublime, danças sagradas, rituais de qualquer espécie. Movemo-nos num enxame, pretendemos realizar uma coisa: deixar nossa vida mais fácil. As grandes pontes, as gigantescas represas, os grandes arranha-céus deixavam-me frio. Só a natureza podia intilar uma sensação de medo. E nós desfigurávamos a natureza a cada passo. Sempre que saía a percorrer o país, voltava de mãos vazias. Nada de novo, nada de bizarro, nada de exótico. Pior, nada de que a gente se inclinar, reverenciar. Apenas uma terra em que todos se agitavam feito doidos. Eu palpitava do desejo de venerar e adorar. Necessitava de companheiros que se sentissem da mesma forma. Mas não havia nada que reverenciar e adorar, não havia companheiros de espírito idêntico. Havia apenas uma solidão de aço e ferro, de estoques e fianças, de colheitas e produção, de fábricas, moinhos, serrarias, uma solidão de enfado, de utilidades inúteis, de amor sem amor..."



Henry Miller
do livro Nexus



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recebi da ana cris e achei tão bonito



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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

falando no tempo...

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"Times will be tough like old leather and gravel roads occasionally. Times will be easy, like Sunday morning, every now and then. What you do during these times will define you as a person and a human being. Your humanity towards others, your will to make the world a better place for you and those around you and your identity as a citizen of the world. All these things count."



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"os tempos serão difíceis como couro velho e ruas de cascalho. os tempos serão fáceis, como manhã de domingos, de vez em quando. o que você faz durante esses tempos definirá você como uma pessoa e como ser humano. sua humanidade em relação aos outros, sua vontade de fazer do mundo um lugar melhor para você e aqueles ao seu redor e sua identidade como cidadão do mundo. todas essas coisas contam."



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como muitas vezes, daqui

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

ah, se pudesse voltar no tempo...

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hoje fiquei pensando. nunca sai muita coisa boa quando eu começo assim. mas pensei.
pensei no meu maior medo. não, medo não é a palavra. é pavor mesmo. porque toda vez que eu cogito encontrá-lo, tenho um príncipio de crise de pânico. taquicardia, suor, tremedeira, e uma total sensação de não saber o que fazer. o pacote completo.
pensei em como eu gostaria de apagar isso da minha vida. dizem que não devemos nos arrepender daquilo que fizemos, somente do que não fizemos. acho besteira. me arrependo muito mais do que eu fiz. e, se pudesse voltar no tempo, apagaria o ano passado todo. porque foi o ano em que eu conheci o pavor.
para muitos, é um exagero. concordo, eu também acharia que é caso ouvisse a história. podem dizer que é bobagem, que é coisa de quem não tem o que pensar. mas eu sei o que é sentir medo. eu já tive uma arma apontada pra minha cabeça. eu já achei que ia morrer. eu já desmaiei de tanto sentir dor.
mas nada disso se compara com esse pavor, esse que vem desse arrependimento. não é a mesma coisa. pois todas as experiências anteriores afetaram a minha vida, sim, de diversas maneiras. mas o alexandre deixou as marcas mais profundas, no fim das contas. e as marcas de que eu mais gostaria de me livrar. e um dos únicos de que eu não consigo.

essa semana eu dei a última 'lembrança' que restava. e eu gostava daquele colar. achava bem bonito. mas não consigo suportar o peso de usa-lo. ainda tenho as coisas que a mãe dele me deu, mas elas inevitavelmente também me lembram. estou decidindo se minha amiga vai ficar muito triste caso eu decida cortá-lo da foto de casamento dela, e acabar estragando a mensagem que ela me escreveu.

faço tudo isso na tentativa de esquecer. esquecer que um dia fui assim ingênua. que acreditei que eu poderia mudar, poderia aceitar, poderia me conformar. esquecer da tentativa de ser 'normal', de experimentar aquilo que a maioria das pessoas ou já tem, ou está buscando. e, principalmente, na tentativa de esquecer que eu não consegui fazer funcionar um relacionamento.

okay, tem todos os motivos que levaram a isso. a paranóia, a enrolação, as bebedeiras, a indecisão, a dependência, a preguiça, a total falta de interesses comuns. consigo analisar isso racionalmente, consigo entender que não foi culpa minha (nem de ninguém) não ter dado certo.
mas dai vem os questionamentos: e por que escolhi essa pessoa, entre todas? por que não escolhi outro? será auto-sabotagem? será carência? será descrença?

e depois dos questionamentos, a única pergunta que me ocorre é: será que um dia tem fim? será que posso ter esperança?



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tô sempre achando que não
e tô sempre quase desistindo



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terça-feira, 1 de setembro de 2009

sobrevivendo a agosto

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Sugestões para Atravessar Agosto
Caio Fernando Abreu


Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro - e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.

Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir. Dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons deixam a vontade impossível de morar neles; se maus, fica a suspeita de sinistros augúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. Muitos vídeos, de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzsche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos.

Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente agosto. Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos - ou precauções - úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia, categoria originalidade... Esquecê-lo tão completamente quanto possível (santo zap!): FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.

Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu - sem o menor pudor, invente um.Pode ser Natália Lage, Antônio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún, ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à luz da lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.

Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se ou lamuriar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques - tudo isso ajuda a atravessar agosto. Controlar o excesso de informação para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas - coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo; evasão, escapismos. Assumidos, explícitos.

Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter demais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco:.

(O Estado de São Paulo, 06/08/95)



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depois de muita, muita, muita paciência, um pouco de fé e muita força de vontade para ir em frente, chegamos a setembro. ufa!
teve livro, teve CD, teve muitas horas de sono nesse agosto. dessa vez, não foi o FHC que agravou agosto, foi o Lula e o Sarney. Mudam os personagens. a história continua sempre a mesma.
A parte do amor, prefiro pular. O saldo de agosto é negativo nessa área, como tem sido há alguns meses. Oh, well...
Meu agosto foi cheio de desorganização. De alguns trabalhos extras. De uns poucos momentos felizes com amigos. De momentos tristes. De horas e horas navegando na web, em busca de sabe-se o que. De limpeza no computador, no MSN, na vida. Teve um ótimo retorno. Música boa. Comida. Exercício. Poucos resultados. Mais pro fim, quem sabe, pequenas perspectivas. Não as esperadas, mas perspectivas.




"Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se ou lamuriar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques - tudo isso ajuda a atravessar agosto."


com tudo isso (menos a codeína):
sobrevivi.



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sábado, 29 de agosto de 2009

a seriedade e o não encontrar

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na quinta-feira, ouvi de alguém um inocente comentário "você está séria hoje", me disse um aluno. disfarcei, disse que estava cansada. aquela coisa de sempre, você tenta fingir que nada de muito relevante está acontecendo.
como eu já comentei, eu sou muito transparente. quem quiser, enxerga direitinho tudo o que estou sentindo, se for um pouco observador. e quem quiser, sabe que eu não estou no meu estado natural ultimamente.
com o risco de ser repetitiva, escrevo. escrevo pois não consigo tirar o comentário da cabeça. porque sei que é verdade. e porque sei que não consigo fingir por muito mais tempo. não consegui na sessão filosofia em que se transformou a aula de ontem a noite. não consegui, também ontem a noite, quando soltei algumas lágrimas em uma conversa com uma amiga. e não consigo nos comentários ácidos e/ou desanimadores do dia-a-dia. e, principalmente, não consigo diante da falta de perspectiva.

sou realista, e sei que a falta de perspectiva é culpa única e exclusivamente minha. eu que me coloquei nessa situação, por diversos motivos. há muito tempo atrás, decidi 'deixar a vida me levar' e acabei aqui, um tanto quanto infeliz. prova de que conselhos de sambistas e pagodeiros, definitivamente, não devem ser seguidos.
o fato é que coloquei sonhos e objetivos de lado, esqueci de ter ambições, cansei de criar expectativas. e o tempo passou, e hoje me vejo no meio de um lugar de onde não faço a menor idéia como sair.

e o lugar assusta. é escuro e abafado. não tem janelas. há, claro, algumas frestas pelas quais, eventualmente, passam alguns raios de luz. mas logo eles se extinguem, e deixam tudo no breu. e o breu e o abafamento são bons para dormir, mas dificultam o despertar.


e eu não sei mais como despertar.
e eu sei que não devo esperar que alguém ou algo me desperte. conscientemente, eu sei. o problema é o maldito inconsciente. passei os últimos anos esperando, inconscientemente, por algo que sei que não vai acontecer. mas, por mais que eu saiba, também não sei como sair desse círculo vicioso de esperar e não esperar.
e já nem sei mais se teria como me habituar à claridade, na verdade. não sei se a claridade me veste bem, se é apropriada, se sei como me comportar nela, se tenho forças para enfrentá-la.


mas, um dia, vou ter que tentar.



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a trilha pro post é isso:







porque as letras do U2 sempre falaram ao meu coração
porque o bono, ai, ai... ô lá em casa!
porque essa música é a melhor pra ensinar present perfect
porque esse vídeo é lindo demais e me arrepiou
porque sempre gostei de música gospel


porque eu espero, sinceramente, que eu não tenha encontrado o que eu estou procurando. porque ainda tenho esperanças de ter um destino nessa vida.


porque a banda tocou isso lindamente na quinta a noite, e me fez pensar em tudo isso que escrevi.



mas, principalmente, porque me lembra a pessoa que havia trazido um pouco de claridade pra minha vida uns tempos atrás. tudo acabou e isto deixou tudo ainda mais na escuridão pra mim, é bem verdade. não sei se ele encontrou o que está procurando, e não tenho coragem de admitir que, muitas vezes, fico pensando em como seria bom se ele percebesse que o que está (ou estava) procurando está aqui, comigo.
não ia ser o fim da escuridão, mas quem sabe seria uma pequena luz pra iluminar o caminho pra fora?



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domingo, 23 de agosto de 2009

do desespero

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"Sou uma conferência ou um romance? Deus, que pergunta. Vocês me desculpem. Parece que regressei aos dias em que era jovem, vivia em Paris e estava desesperado e não parava de me fazer perguntas. Normalmente se abrem diante dos jovens horizontes de esperança, mas há os que escolhem o desespero, e eu não era um destes, pois não sabia muito bem por onde ir na vida, e além do mais, tinha a impressão de que estar desesperado era mais elegante, vestia melhor do que ser um pobre jovem apegado à esperança. O fato é que tenho a impressão de estar voltando a ser aquele jovem que tantas perguntas se fazia. Sou uma conferência ou um romance? Sou? De repente, tudo são perguntas. Sou alguém? Sou o quê? Pareço fisicamente com Hemingway ou não tenho nada a ver com ele? Pelo que vejo, respeitável público, parece que vocês têm a mesma opinião que minha mulher e meus amigos. Vocês tem o mesmo semblante que eles e que os organizadores de Key West. Não sei por que, parece que estão me desclassificando. Fazem isso, sem dúvida, guiados por sua sensatez. Sem dúvida eu preciso acreditar que vou ficando cada vez mais parecido fisicamente com o ídolo de meus anos parisienses, pois somente isto ainda me une sentimentalmente aos meus dias de juventude. Por outro lado, creio que tenho direito de poder enxergar-me diferente de como me vêem os demais, me enxergar como der na veneta e que não me obriguem a ser essa pessoa que os outros decidiram que eu sou. Somos como os outros nos vêem, concordo. Eu, porém, resisto a aceitar tamanha injustiça. São anos tentando ser o mais misterioso, imprevisível e reservado possível. São anos tentando ser um enigma para todos. Para isso, com cada pessoa adoto uma postura diferente, procuro fazer com que não haja duas pessoas que me vejam da mesma maneira. Sem dúvida, essa esforçada tarefa se está revelando inútil. Continuo sendo como os outros querem me ver. E pelo visto todos me vêem igual, como lhes der na veneta."



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Enrique Vila-Matas
Paris não tem fim



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eu esperava bastante desse livro.
mas, confesso, nem tanto.
uma agradável surpresa, portanto.
e o claro entendimento do porquê Vila-Matas está tão 'hype' por aí



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domingo de sol, lendo e tomando caipirinha na beira da piscina.



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terça-feira, 18 de agosto de 2009

gentileza

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"uma coisa tão gentil no meio da barbárie em que, cruamente, labutamos...eu tenho uma teoria, que nunca fecha por completo: todas as coisas amáveis, seja boa educação, ou vinho, seja uma comida saborosa, ou aquela música serendipiticamente escutada na rua, um origami, um detalhe qualquer casual no dia a dia, o sujeito que para de lavar a calçada para eu passar, o bilhete do entregador de jornais se desculpando, tudo isto, é a mesma coisa.
É a rejeição da grosseria que desumaniza. Ou como escreveu um outro blogueiro que sigo: 'pela humanização dos humanos'."




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daqui



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e mais um meme

pois não tenho vontade de fazer outra coisa:



1. Quais são as 3 últimas coisas que você comprou?.
* Livros na americanas.com (a revolução na cozinha, do Jaime Oliver) e no submarino. (O Convidado Surpresa, do Gregóire Bouillier; O leitor, do Bernhard Schlink; A arte da vida, do Bauman; A estrada, Cormac McCarthy ; e A morte do gourmet, Muriel Barbery)
* kit-kats pro meu irmão
* presente pra uma amiga (uma florzinha e uma xícara), xampu e um pijama pra mim

2. Quais são as 3 últimas músicas que você baixou?
Pode ser CDs? Tentando baixar “The Swell Season” (dos mesmos músicos do once), baixei “Scream”, do Chris Cornell e o ‘Together through life” do Bob Dylan

3. Quais os 3 últimos lugares pra que você foi?.
Tirando a academia e o trabalho, que vou sempre
* Casa de uma amiga jantar domingo à noite
* Sítio de amigos em Lomba Grande, para almoçar domingo
* Beto, ou Pub Garagem 23, em Ivoti, no sábado a noite

4 - 3 filmes favoritos?
* Antes do anoitecer e Antes do Pôr do Sol
* Meu primeiro amor
* ET

5. Quais são suas 3 coisas preferidas?
*livros
* roupas
* sapatos e acessórios

6. Com quais 3 coisas você não poderia viver (sem)?.
* livros
* amigos
* vida social: ir a restaurantes, bares, cinema, passear em parques, tomar chimarrão com amigos.

7. Quais seriam 3 desejos?.
* viajar mais
* ter uma livraria
* ter alguém para amar que também me ame

8. Quais 3 coisas você ainda não fez?.
* tatuagem
* me apaixonar e ser correspondida
* fumar ou usar drogas.

9. Quais são seus 3 pratos preferidos?.
* sushi
* comidinhas italianas: massa, lasanha, canelone, pizza
* saladas

10. Com quais 3 celebridades você gostaria de se encontrar ou sair?.
* Allain de Botton (pra mim, ele é celebridade)
* Bono Vox
* Bob Dylan

11. 3 coisas que mexem com seus nervos.
* a falta de sensibilidade humana
* pessoas pouco higiênicas e/ou mal educadas
* meu pai


12. Se pudesse se descrever em 3 palavras, quais seriam?.
* teimosa
* quase-depressiva, mas frequentemente feliz
* indecisa

13. 3 coisas diferentes que você faz bem...
* queimar doces
* chorar na frente do ex-chefe
* não saber o que escrever nessas perguntar

14. Quais 3 coisas você super quer atualmente?.
* um emprego novo
* uma passagem pra Europa, e despesas pagas por lá
* um namorado! (pronto, falei)


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meme

o primeiro projeto do primeiro dia de semi-desemprego (hoje estou com astral pessimista, veja bem), é organizar o computador. achei taaanta coisa tão terrível, e taaaanta coisa tão legal. aos poucos vou postando aqui.

e a primeira coisa é um meme, que eu adoro! tão bom responder essas bobagens!



quem quiser responder, sinta-se a vontade. eu ia achar tão legal ler as respostas dos meus 5 leitores!
;)


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eu quero: um all star. todas as roupas da farm. várias roupas da Hering. muitos livros.

eu tenho: muito mais do que preciso, de várias coisas.

eu gostaria de ter: um amor pra chamar de meu

eu gostaria de não ter: ex-namorados, ex-amigos

eu acho: a vida injusta às vezes.

eu odeio: ter que sorrir sem vontade.

eu sinto saudades: de muita gente que conheci nessa vida. De muitas épocas que vivi, também

Eu faço: academia todo dia!

Não faria de novo: faculdade de administração

eu escuto: fito paez, U2, the magic numbers, beatles e los hermanos, sempre

eu cheiro: meu braço quando passo o hidratante de gengibre da natura. Dá vontade de morder

eu imploro: acho que não imploro muito, ao menos não em voz alta. Às vezes imploro a mim mesma, para evitar de fazer besteira e perder a paciência. imploro também quando estou curiosa.

eu pergunto-me: pq a gente é assim?

eu arrependo-me: de não aproveitar mais os meus dias

eu amo: meus amigos, minha família e meus animaizinhos

eu sinto dor: no joelho de vez em quando

eu sinto falta: de muita gente querida

eu sempre: tento ir me benzer quando estou muito triste

eu não fico: pensando besteira se estou muito ocupada no trabalho

eu acredito: em energias positivas e negativas

eu danço: muito mal

eu canto: no carro, dirigindo. quando estou feliz, ou quando estou estressada.

eu choro: com filmes, com livros, as vezes com dramas pessoais.

eu falho: muitas vezes

eu luto: pouco, muito pouco

eu escrevo: menos do que gostaria.

eu ganho: presentes no meu aniversário. adoro.

eu perco: amigos muito facilmente, e normalmente por culpa minha

eu nunca: fumei

eu estou: frustrada, desmotivada, cansada de me sentir sozinha

eu sou: dramática

eu fico feliz: quando estou com pessoas que gosto

eu tenho esperança: de um dia ser realmente amada por alguém. ainda

eu preciso: emagrecer pelo menos 5 quilos

eu deveria: parar de fazer compras. mas é tão difícil...





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sábado, 15 de agosto de 2009

"And you taught me what this feels like.
And then how it feels to lose it.
And you showed me who I wanted.
And then who I wasn't.
And you ticked every box.
And then drew a line.
And you weren't mine to begin with.
And then not to end with.
And you looked like everything I wanted.
And then became something I hated.
And you get thought of every day.
And then not in a good way.
And you let me leave.
And then wish I'd stayed.
And you almost killed me.
But I didn't die. "



"e você me ensinou o que é sentir isso
e depois me ensinou o que perdê-lo
e você me mostrou quem eu queria
e depois quem eu não era
e você marcou cada opção
e depois riscou uma linha
e você não era meu para começar
e depois nem para terminar
e você parecia com tudo que eu queria
e depois tornou-se algo que eu odiava
e você é lembrado todo dia
e depois não é lembrado de uma boa maneira
e você me deixou partir
e depois desejou que eu tivesse ficado
e você quase me matou
mas eu não morri"




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"All persons entering a heart do so at their own risk. Management can and will be held responsible for any loss, love, theft, ambition or personal injury. Please take care of your belongings. Please take care of the way you look at me. No roller skating, kissing, smoking, fingers through hair, 3am phone calls, stained letters, littering, unfeeling feelings, a smell left on a pillow, doors slammed, lyrics whispered, or loitering. Thank you."



"Todas as pessoas entrando em um coração o fazem por conta própria. O gerenciamento pode e será responsabilizado por qualquer perda, amor, roubo, ambição ou danos pessoais. Por favor, cuide dos seus pertences. Por favor cuide da maneira que você olha para mim. Não andar de patins, beijar, fumar, passar os dedos no cabelo, ligações as 03 da manhã, cartas manchadas, lixo no chão, sentimentos não sentidos, um cheiro deixado no travesseiro, portas sendo batidas, letras de musica sussuradas ou perseguições. Obrigada"



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sempre me emociona




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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

fantasmas





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eles se multiplicam, só pode ser



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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

vício





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Somethin’ filled up
my heart with nothin’,
someone told me not to cry.

But now that I’m older,
my heart’s colder,
and I can see that it’s a lie.



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algo encheu meu coração com nada
alguém me disse pra não chorar

mas agora que sou mais velho
meu coração está mais frio
e eu posso ver que é mentira




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e eu nem sabia que gostava de arcade fire!



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sábado, 8 de agosto de 2009

me encontrei no mundo

daí que tenho uma pasta nos favoritos que é só de blogues de literatura. mas eu não leio muito eles, não. em primeiro lugar, porque requer tempo, que nem sempre tenho. em segundo lugar, porque muitas vezes fico oprimida (sensação super comum quando falo de livros), pois é muito autor, é muito livro, é muita informação.

mas tem momentos que eu me sento a lê-los. mergulho nesse universo fascinante e apavorante. abro um milhão de abas no mozilla. descubro desejos que não sabia que tinha (a última nota mental: colocar sábado, do ian McEvan, na lista de compras). começo a repensar a enorme pilha de livros que está ali no meu quarto, e pensar qual vai ser o próximo livro que vou atacar (nota mental n° 2: você deveria realmente se concentrar em terminar aqueles que já começou)

enfim, meu pensamento voa.
dai que esse sábado chuvoso é perfeito para embarcar nesse voo. e então eu me achei. descobri o que eu sou. ganhei uma identidade.
tudo isso lá no blog do paulo roberto pires


eu sou uma bibliólica!


pronto, falei.



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tem grupo, é claro. os bibliófilos anônimos, B.A.

diz o blog citado ali encima:

"O B.A. seria, portanto, um grupo que estimula o vício. Você chega, começa a dar seu depoimento e, pela manifestação dos demais presentes, começa a se sentir em casa, confortado. A partir dali, em reuniões semanais feitas num sebo, você pode aprender novos rituais no consumo de livros, trocar impressões, aprender estratégias de consumo. Para facilitar a vida, seguem alguns sintomas clássicos do bibliocolismo:

1. O bibliólico, como depõe Assouline. jamais sai de casa sem ter alguma coisa para ler. Serve revista, jornal ou bula de remédio, mas o bom mesmo é um livrinho – que ajuda a passar o tempo em metrô, consultório ou fila, além, é claro, de ser ótima proteção contra chatos interativos.

2. O bibliólico não consegue passar por livraria ou sebo sem dar uma “olhadinha”. E, raramente, dá uma olhadinha sem dar uma compradinha.

3. O bibliólico sofre terríveis crises de privação. Muda caminho e chega atrasado em reunião para comprar aquele livro fundamental. Que às vezes será lido dali a dois anos. Ou continuará fechado por outros dois.

4. O bibliólico cheira. Muito. E, proustianamente, tem lembranças associadas aos aromas dos livros. O livro francês é o do bom: quando novinho, é praticamente uma viagem a Paris.

5. O bibliólico é um ótimo negociante. Não pode ver uma oferta. Eu mesmo já comprei três exemplares de um mesmo livro de Nabokov. Um de cada vez, pensando que não tinha comprado antes. Só pelo bom preço. Ah, sim: até hoje não o li.

6. O bibliólico tem compulsão por obras completas. Quando cisma com um autor, sai de baixo: vai comprando tudo o que pode, mesmo que dele só tenha lido um livrinho – do qual gostou muito.

7. O bibliólico causa sérios transtornos à família. Ninguém em casa aguenta mais as sacolinhas de plástico e as caixas de papelão das livrarias virtuais. Por isso, ele costuma se livrar das primeiras andando pela rua e mandar entregar as últimas no trabalho.

8. O bibliólico é, em geral, um sujeito pacato. Mas, cuidado, pode ser muito agressivo quando alguém chega em sua casa e, diante das pilhas e mais pilhas de livros, lança a pérfida dúvida: “você já leu isso tudo?” Ora bolas, isso é pergunta que se faça?"




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me identifiquei em todos!



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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

o estado das coisas

dai que ouvi esse rolling stones aí. nunca gostei muito de rolling stones. na verdade, nunca ouvi muito rolling stones pra saber se gosto. fazer o que? aqui em casa, sempre foram os beatles.





mas dai que essa segunda música eu gosto muito, muito. pq "you can't always get what you want" é hino, né? e porque é uma baita verdade. aliás, na maioria das vezes, você não recebe o que você quer.
você recebe o que precisa.
e assim, eu não ando recebendo nada que eu quero. só recebo coisas que eu não quero. e estou tão cansada disso.
estou tentando ver o lado positivo, tentando ver uma saída. mas não está fácil, na verdade. eu sei muito bem que preciso sair do local onde estou, por mais confortável que ele seja. mas sei também que é difícil. e que eu não tenho coragem. pronto, falei. eu não consigo, eu não acredito o suficiente em mim pra conseguir.
é triste, mas é real.

e não acho que seja um lugar assim tão ruim, na verdade. não era, até um mês atrás, pelo menos, o trabalho era bom. era um lugar quase feliz.
agora, nem o trabalho é feliz. os amigos, sempre é bom estar com eles, mas sempre me parece que falta algo (desculpe, pessoas, não é nada com vocês, na verdade. sou eu e expectativas de pessoas que nem existem que eu crio na minha mente distorcida). a família, nada de excepcional, mas aguentando por aqui. o dinheiro, dava pra fazer tudo que é necessário e fazer coisas não tão necessárias. a partir desse mês, a coisa fica complicada. a vida amorosa, sempre faltando na figura. faltando tanto, que dói fisicamente esse espaço todo vazio.

uma vida menos que mediana, então.
será que eu consigo?

tá cada vez mais difícil acordar de manhã.
de verdade
e isso assusta.
de verdade.




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e se tem rolling stones, tem que ter beatles. porque essa música combina com o ânimo do dia, né?
e porque tem coisas que a gente realmente tem que guardar pra si, tem que esconder. os beatles acham que é o amor, nesse caso.
eu acho que aquilo tudo que eu disse ali em cima deveria ter sido guardado. mas azar, o blog é meu, eu falo o que quero, né? só não tentam comentar com mensagens motivacionais. eu odeio mensagens motivacionais. eu tenho verdadeira ojeriza a elas, na verdade.
a semi-depressão é minha, e eu mostro ela quando quiser!
prometo não mostrar demais, porém.








porque no fim das contas, a mensagem motivacional é: tudo vai dar certo, mesmo dando errado. e eu ainda sou capaz de sorrir, e aproveitar, e ver que existem coisas boas na vida. e escrever um texto mega confuso, mega ruim.



azar.



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terça-feira, 4 de agosto de 2009

tudo importa

"Don't you dare tell me nothing matters. Everything matters. Every fucking drop of rain, every ray of sunlight, every wisp of cloud matters and they matter because I can see them and if I can see them then they can see me and I know that there's an entire world that cares out there, hiding behind a world that doesn't, afraid to show who it really is and with or without you, I will drag that world out of the dirt and the blood and the muck until we live in it. Until we all live in it."



"Não ouse me dizer que nada importa. Tudo importa. Cada maldita gota de chuva, cada raio de sol, cada pedaço de nuvem importa e eles importam porque eu posso vê-los e se eu posso vÊ-los, eles podem me ver e eu sei que há um mundo inteiro que se importa lá fora, se escondendo atrás de um mundo que não se importa, com medo de mostram quem ele realmente é e que com ou sem você, eu vou arrancar esse mundo da sujeira e do sangue até nós morarmos nele. Até todos nós morarmos nele."



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TUDO importa, né? tudo, tudo.


e como.



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daqui



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segunda-feira, 3 de agosto de 2009





"Se eu tivesse um mundo meu, tudo seria sem sentido. Nada seria o que é, porque tudo seria o que não é. E ao contrário, o que é, não seria. E o que não seria, seria. Você vê?"
Alice no país das maravilhas




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falando nela:




louca pra assistir isso




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e meu mundo tá assim. cai no buraco, e tenho direito até a um mad hatter (chapeleiro maluco) e uma rainha de copas




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dá pra sair correndo?



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sexta-feira, 31 de julho de 2009

eu tenho medo do escuro


where do you go when it gets dark?



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domingo, 26 de julho de 2009

i can't

"Posso viver bem sem você, ora veja. Não preciso de você para comentar um filme ou me indicar um novo livro. Sei onde achar e com quem falar. Assim que essa dependência minha terminar, não vai sobrar nada. Vou estar livre. E nem de longe vou querer ver você. Você vai perder totalmente a graça. Provavelmente ainda continuarei achando você incrível, sensível, inteligente, genial. Mas nada vai me encantar. Vai haver uma ponta de desprezo no meu sentimento por você. Porque conheço todos os seus lados. Cada um deles. E seu lado bom não suplanta o lado ruim. Pelo contrário, submerge. Você não se esforça para ser melhor. Não sei o que você pretende. Mas tenho certeza que sabe o que jogou fora. Mas seria muito para você reconhecer tudo isso, não é? Idiota. Viu como você não se move? Fiquei aqui, disponível. Você foi embora. Você sabe que fez coisas difíceis de se perdoar. E não é porque gosto tanto de você que consigo passar por cima. Taí, não consigo."



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desse blog aqui, que sempre tem textos ótimos



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quinta-feira, 23 de julho de 2009





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frio, pessoas. muito, muito frio. vestido tomara que caia para festa de amanhã não me parece uma boa idéia, mas... vamos lá, vamos lá!
:)



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e quem mais quer ir pra um lugar bem longe daqui?
bem, bem, bem longe?
onde não há problemas, não há pessoas mau humoradas, não há calorias, não há cansaço, não há chefe novo, não há drogaditos, não há falta de tempo, não há gasolina cara, não há solidão?



aceito companhias e sugestões de locais!



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e, assim, se não der pra me levar junto, trae alfajores. ou carinho. abraços, beijos, palavras queridas, sorrisos.
tô aceitando.



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segunda-feira, 20 de julho de 2009

a joaninha

"Ao contrário, não se deve de jeito nenhum esquecer aquilo. Não se devem esquecer os velhos de corpos estragados, os velhos que estão pertinho de uma morte em que os jovens não querem pensar (por isso confiam ao asilo o cuidado de levar seus parentes, sem escândalos nem aborrecimentos), a inexistente alegria dessas derradeiras horas que deveriam ser aproveitadas a fundo e que são padecidas no tédio, na amargura e na repetição. Não se deve esquecer que o corpo definha, que os amigos morrem, que todos nos esquecem, que o fim é solidão. Esquecer muito menos que esses velhos foram jovens, que o tempo de uma vida é irrisório, que um dia temos vinte anos e, no dia seguinte, oitenta. [...] entendi muito cedo que uma vida se passa num tempinho à-toa, olhando para os adultos ao meu redor, tão apressados, tão estressados por causa do prazo de vencimento, tão ávidos de agora para não pensarem no amanhã... Mas, se tememos o amanhã, é porque não sabemos construir o presente e, quando não sabemos construir o presente, contamos que amanhã saberemos e nos ferramos, porque amanhã acaba sempre por se tornar hoje, não é mesmo?
Portanto, não devemos de jeito nenhum esquecer aquilo. É preciso viver com essa certeza de que envelheceremos e não será bonito, nem bom, nem alegre. E pensar que é agora que importa: construir agora, alguma coisa, a qualquer preço, com todas as nossas forças. [...] Escalar passo a passo nosso próprio Everest e fazê-lo de tal modo que cada passo seja um pouco de eternidade.
O futuro serve pra isto: para construir o presente com verdadeiros projetos de pessoas vivas."

Muriel Barbery, em A elegância do Ouriço




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quem me conhece, sabe que a morte é sempre um dos meus temas preferidos de leitura. não sei porque me 'fascina' tanto. esse livro foi um de pensar bastante sobre isso e sobre outras tantas coisas. e esse trecho ai, especialmente, foi o que mais me marcou. Porque é um clichê, e como todos os clichês, confortam, mas também são frustrantes e irritantes.
E o clichê de viver a vida agora, viver o momento, é lindo, não?
Mas quem é que realmente o segue?
Temos tanta coisa acontecendo, sempre. Temos o trabalho, alguns tem faculdade, tem os problemas de família, tem a saúde que nunca é 100%, tem a preguiça de todo dia, tem o esforço monumental de ir pra academia, tem os amigos que exigem a sua presença, tem os compromissos sociais muitas vezes indesejados. Tem coisas boas, mas muitas coisas ruins acontecendo, e a gente acaba 'esquecendo' de viver, realmente, o momento. Esquece de parar, de respirar, de saborear o que se come, de refletir, de sorrir.
Porque é assim a vida, porque nos é exigido. E porque, por mais que seja assim, e isso não seja o ideal, ainda acho que tudo se arranja pra melhor. Os momentos que são ruins, ou os que são livres de maiores emoções, servem para podermos valorizar as coisas boas. As risadas intermináveis com as amigas, um sorvete, um raio de sol numa caminhada no parque, a sensação de completar uma corrida, 300 gramas menos na balança, uma fruta bem gostosa, um abraço de uma criança, um encontro com um estranho, um bom livro começado, uma roupa nova, uma unha bem feita.
A lista poderia seguir adiante.

Mas dai, às vezes, tudo isso perde o sentido. E a vida se torna simples e puramente uma coisa estúpida, sem razão de ser. E isso me deixa braba. E triste. E carente.
Então, se essa semana, você me ver e eu estiver meio assim, não estranhe. A vida anda cinza e sem sentido. Por uma série de motivos, e um motivo em especial.



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Ela era uma menininha bonitinha. Fofinha. Cute, em inglês, é a palavra mais apropriada. Vinha sempre pra aula com uma bolsa daquelas de cachorrinho da Rafitthy, e isso me impressionava bastante. Não sabia onde colocá-la. Porque por trás da aparência de menininha bonitinha, também parecia haver uma adolescente patricinha. E, para mim, isso era tão conflitante. Eu ficava sem ação. Não sabia como deveria tratá-la. Queria tratá-la como a menininha, mas achava que não era isso que ela esperava de mim. Acabamos tendo alguns problemas por causa disso. Eu, na minha eterna ilusão e ingenuidade, nem percebi que os problemas existiam. Me surpreendi quando eles me foram relatados. Tentei melhorar, mas aquela altura, o encanto já tinha se quebrado. Me tornei defensiva, muitas vezes. Relapsa em outras, talvez. Tentei fazer o melhor, dentro das minhas limitações. E acho que, no fim, não foi tão ruim assim.
Ela nunca conseguia acertar o have. Sempre escrevia heve. Faz sentido, é a pronúncia. Fazíamos brincadeiras sobre isso, mas por vezes realmente me incomodava. É frustração de professora, sempre pensamos onde foi que erramos, porque não conseguimos transmitir uma informação tão simples.
Lá pela metade do semestre, aprendemos os insetos. E, de repente, a menininha se apaixonou pelas joaninhas. Veio o verbo to be, e toda aula, eu tinha que ouvir a mesma frase "I am a ladybug. I love ladybug." Mais uma vez, me incomodou um pouco. Porque faltava um plural ali. E porque não faz sentido você ser uma joaninha. Deixei passar, não sei porque. Nenhuma vez critiquei, nenhuma vez corrigi. Com o tempo, passei a esperar aquela frase.

Mas o tempo quis que a frase não se repetisse. Nunca mais. O tempo é cruel, a vida é cruel. E assim, uma meninha bonitinha se vai. Uma joaninha a mais voando por aí.
E, nesses momentos, me vejo forçada a abandonar todo o meu ceticismo, e só espero que exista realmente algum tipo de compensação depois da morte. Porque eu quero, realmente, acreditar que a menininha se transformou em uma joaninha, e está feliz a voar por ai. Porque eu quero acreditar que as nossas diferenças foram esquecidas. Porque eu quero acreditar que ela vai ver que eu colei um adesivo de joaninha no último boletim dela, mesmo sabendo que ela provavelmente nunca mais ia vê-lo. Porque eu quero acreditar que ela sabe que, no fundo, eu adorava daquela inocência que ela passava ao dizer "I am a ladybug". Nesse momento, ela era a menininha bonitinha. Ela era toda a beleza que existe no mundo, personificada nessa criança que acredita, realmente, ser uma joaninha.



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