segunda-feira, 9 de março de 2009

e tem gente que deixa saudade pra sempre


Saudade é um clichê. Eu, pessoalmente, adoro clichês. Não gosto muito de saudade, porém (alguém gosta, aliás?). Um pouco, tudo bem, tem toda aquela coisa de sentir falta e acabar valorizando mais, entendendo o que o objeto da saudade realmente significa para nós.
E eu tenho saudade de taaanta coisa nessa vida. Saudade de momentos que vivi, saudade de sentimentos que tive, e principalmente saudade de gente. Pessoas que eu conheci pelo mundo afora, pessoas que eram do meu convívio e que, por um motivo ou outro, não são mais, pessoas que estão viajando e pessoas que já se foram. E é de um desses, que infelizmente e terrivelmente já se foi, que quero falar.
Não foi a minha primeira experiência com a morte, mas foi a mais marcante, até aqui. Talvez por ter sido a primeira vez que eu realmente estivesse preparada para entender a real dimensão da morte. O choque de compreender que aquela pessoa que até então estava presente não mais estará.
E desde quando ele estava presente? Nem consigo recordar. Lembro dos aniversários dos meus primos na infância, quando ele e os filhos pirralhos chatérrimos dele sempre estavam. Depois, mais crescida, lembro de discursos em uma parrilla no Arapey. E muitas viagens de motorhome, e conversas no rádio amador. Lembro de uma aura de sabedoria imensa. Como ele parecia saber sobre tudo o que acontecia no mundo. E da sua altivez e sisudez. Sim, são adjetivos assim, fortes e complexos, que o descreviam. Do fim, eu só lembro de ouvir notícias de Porto Alegre. E da tristeza de não conseguir ir visitá-lo (por que mesmo que não fui?)
Mas o que mais lembro foi um telefonema. Acho que era meu aniversário. E foi telefonema de Porto, direto do hospital. Eu nunca vou esquecer daquele telefonema. Pois o que pra uns foi uma simples ligação, um apertar de botões e um dialogo simples, pra mim foi a revelação de um amor que eu nem sabia existir. Foi a percepção de que uma pessoa poderia me achar tão importante e tão merecedora que passaria por cima de uma doença terrível para me desejar feliz aniversário. Que, afinal, eu não era tão chata como imaginava. Que, quem sabe, eu tinha algumas qualidades que valessem a pena para alguns. Todas aquelas coisas que eu já deveria saber, mas que não tinha a menor idéia.

Ainda bem que existem pessoas e momentos que nos permitem perceber essas 'obviedades'. Pra mim, foi o tio Adão, nesse momento. E é por essa e tantas outras coisas, que ele vai deixar saudade pra sempre. Simplesmente por ser ele, da maneira que ele era.






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e ele foi, e deixa saudades, mas também deixa essas duas pessoinhas especiais da foto acima, e a mãe delas, que é uma das (se não a) mulheres mais incríveis que conheço. a tia que não é tia mas é mais que tia, mas que principalmente é uma grande amiga: anete

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